Ativos farmacotécnicos

 

Ativos farmacotécnicos



              O insumo farmacêutico ativo (IFA) é uma substância química ativa (fármaco, droga ou matéria-prima) que tenha propriedades farmacológicas com finalidade medicamentosa. Trata-se do princípio ativo do medicamento, ou seja, a substância responsável pelo seu efeito terapêutico. Este princípio ativo é incorporado em uma forma farmacêutica para obter o efeito terapêutico desejado de acordo com a via de administração mais adequada, sendo analisado critérios fisiopatológicos da via de administração, propriedades físico-químicas e de interação das matérias-primas.

              Após analisar a via de administração (intravenosa, oral, sublingual, nasal, retal, vaginal, pulmonar, cutânea, etc), o formulador irá caracterizar o princípio ativo. Uma fundamentação teórica é primeiramente realizada, utilizando como recurso livros, artigos científicos, farmacopeias, laudo analítico do fornecedor, bulas de medicamentos (caso o princípio ativo não seja inovador), etc. Em um segundo momento, as características físico-químicas dos princípios ativos podem ser analisadas em laboratório e novas particularidades dos ativos podem ser descobertas e utilizadas como informações valiosas para o desenvolvimento da formulação.

              O que pesquisar sobre um princípio ativo?

1-      Estrutura molecular: peso molecular, função química, ligações intermoleculares, ligações iônicas, grau de pureza;

2-      Concentração usual na formulação;

3-      Características físicas

4-      Solubilidade

5-      Estabilidade: fatores extrínsecos e intrínsecos

FATORES EXTRÍNSECOS

FATORES INTRÍNSECOS

Tempo

Incompatibilidade físico-química

Temperatura

pH

Luz e oxigênio

Reações de óxido-redução

Umidade

Reações de hidrólise

Material de acondicionamento

Interação entre ingredientes da formulação

 

Microrganismos

Interação entre ingredientes da formulação e material de acondicionamento

Vibração

 

 

Exemplo:

Formulação: Vaselina salicilada

Estado fisiopatológico: rachadura dos pés (epiderme espessa e geralmente com fissuras profundas).

Indicação: hidratante e queratolítico

Princípio ativo: Ácido salicílico

Forma farmacêutica: pomada

 O que deve saber do princípio ativo antes de formular?

1-      Estrutura molecular: peso molecular, função química, ligações intermoleculares, ligações iônicas, grau de pureza;


Fórmula molecular: C7H6O3

Massa molar: 138.123 g/mol

Nome IUPAC: Ácido 2-hidroxibenzoico

Função química: ácido

Ligações: ligações de hidrogênio, estrutura molecular com ressonância magnética.

 

2-      Concentração usual na formulação: propriedades queratolíticas 20%, em concentrações mais baixas podem ser utilizados como peeling e hidratantes. A função deste princípio ativo é dependente da concentração.

3-      Características físicas: apresenta-se como um pó cristalino formado por agulhas prismáticas monoclínicas.

4-      Solubilidade: É pouco solúvel em água (solúvel em 500 partes de água); solúvel em 3 partes de álcool; 3 partes de acetona e 3 partes de éter; em 80 partes de óleo de oliva e de amêndoa, 10 partes de óleo de rícino, 60 partes de glicerina. É insolúvel também em bases graxas fundidas e vaselina. A insolubilidade em vaselina é considerada um ponto crítico na manipulação da pomada vaselina salicilada, pois a base é incompatível com o princípio ativo, devendo encontrar um solvente para o ácido salicílico. Para a incorporação do p.a. em pomadas e cremes é recomendável triturar seus cristais, reduzindo-os a um pó fino e em seguida levigar com quantidade suficiente de vaselina líquida (óleo mineral), óleo de rícino, polissorbato 80 e/ou propilenoglicol. Para a incorporação em gel, solubiliza o p.a. em álcool e prepara-se um gel hidroalcóolico não iônico ( gel de hidroxietilcelulose, por exemplo).

5-      Estabilidade: fatores extrínsecos e intrínsecos

O ácido salicílico é incompatível também com iodo, sais de ferro, acetato de chumbo e álcalis. Esta informação sugere ao formulador incorporar um agente quelante à formulação e manter o pH ácido. É incompatível com bases iônicas, ocorrendo a quebra da formulação. Para evitar a instabilidade, recomenda-se a incorporação do p.a. em bases não iônicas, exemplo lanette.

O ácido salicílico é fotossensível e quando exposto à luz, sofrem uma alteração gradual da coloração. O ácido salicílico e suas preparações devem ser acondicionadas em embalagens hermeticamente fechadas e protegidas da luz.

              Somente com as informações de uma fundamentação teórica do princípio ativo é possível planejar o desenvolvimento de uma forma farmacêutica, definindo os excipientes compatíveis de uma formulação.

              Caso você tenha interesse em aprofundar os conhecimentos sobre ativos farmacêuticos, sugiro exercitar a pesquisa com as formulações existentes no mercado. A aprendizagem pode ser por livros, artigos científicos, etc. Então, você pode escolher os princípios ativos das formas farmacêuticas: suspensão, emulsão (cremes ou loções), gel, pomada, pasta e supositório e seguir a pesquisa de acordo com as orientações indicadas acima.

              Acredito que o aprendizado será fantástico!!!!

Bons estudos!!!

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O conteúdo desta postagem encontra-se:

https://farmaeducasaude.blogspot.com/

 

Livros

Bibliografia básica:

Ferreira, Anderson de Oliveira. Guia prático da farmácia magistral - V. 01 E 02. / Anderson de Oliveira Ferreira; Marcos Brandão. - 4. ed. - São Paulo: Pharmabooks, 2011. 673p.

Batistuzzo, José Antonio de Oliveira; Itaya, Masayuki; Eto, Yukiko. Formulações Magistrais em Dermatologia 5ª edição 2018. Editora: Atheneu. 306p.

Ansel, Howard C. Farmacotecnica: formas farmaceutica e sistemas de liberacao de farmacos. / Howard C. Ansel; Nicholas G. Popovich; Loyd V. Allen Jr. - 1. ed. - Sao Paulo: Premier A Ciencia em Livros, 2000. 568p.

Fitoterapia contemporânea: tradicão e ciência na prática clínica. / Glaucia de Azevedo Saad et al. - 1.ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 402p.

Thompson, Judith E. A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos. / Judith E. Thompson; Lawrence W. Davidow. - 3. ed. - Porto Alegre: Artmed, 2013. 752p.

Conrado, Maria Filomena Lupato. Gestão Farmacotécnica Magistral - v. 02. / Maria Filomena Lupato Conrado; Paulo César Conrado Cordeiro; Pedro Paulo Miron Cordeiro. - 1. ed. - Balneário Camboriú: Basse, 2007. 473p.

Gennaro, Alfonso R. Remington: a ciência e a prática da farmácia. / Alfonso R. Gennaro. - 20. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 2208p.

Bibliografia complementar:

ANSEL,H. C.; STOKLOSA, M. J. Cálculos farmacêuticos. 12 ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

ANFARMAG, ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMACÊUTICOS MAGISTRAIS. Manual de Equivalência. 4ª ed.São Paulo: Anfarmag, 2014

Sites e Vídeos

Sites

https://anfarmag.org.br/

 

Vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=6dYiQMW2tCE O que são ingredientes ativos ?

https://www.youtube.com/watch?v=3MgGKOuNmk4 Webinar - Novo Marco regulatório de insumos farmacêuticos ativos

https://www.youtube.com/watch?v=O1evOyhDNb4&list=PLFw3LvDKhElD6brQ-7FyDQZ7WBeJju547&index=2 Curcuvail: a Cúrcuma para sua Fórmula Perfeita | Galena


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